quarta-feira, 22 de abril de 2009

CGTP: Alargamento do subsídio de desemprego é «pontual»

O secretário-geral da CGTP classificou hoje o anúncio do primeiro-ministro sobre o alargamento do subsídio social de desemprego como «positivo, mas pontual», e considerou que a dimensão da crise é maior do que afirma José Sócrates.
Num comentário à entrevista do primeiro-ministro, José Sócrates, à RTP, Carvalho da Silva salientou à agência Lusa que a medida anunciada corresponde a uma reivindicação antiga que a CGTP tem vindo a fazer com persistência, mas à qual o Governo tem feito «ouvidos moucos».
«O Governo tem feito ouvidos moucos. É uma medida positiva mas é uma questão muito pontual», referiu o secretário-geral da CGTP.
O primeiro-ministro garantiu terça-feira que o plano anti-crise do Governo, apresentado há três meses, já está a «produzir resultado» e anunciou o alargamento do subsídio social de desemprego a mais de 15 mil pessoas, juntando-se aos 50 mil que já beneficiam deste complemento social.
José Sócrates explicou que o Governo vai aumentar o limiar a partir do qual se pode aceder ao subsídio social de desemprego dos actuais 330 euros para 450 euros.
O secretário-geral da CGTP disse à Lusa que o primeiro-ministro «persiste em considerar a dimensão da crise apenas do ponto de vista internacional» quando, na sua opinião, «a crise é tripla».
«A crise é internacional mas há uma crise estrutural acumulada ao longo dos tempos já antes deste Governo, mas que este Governo aprofundou e que levou à fragilização do sector produtivo, e o espaço de manobra, ao contrário do que diz o primeiro-ministro, é muito pouco», explicou.
Na opinião de Carvalho da Silva, o país tem hoje «menos armas« do ponto de vista da capacidade económica para responder aos problemas e uma sociedade mais empobrecida.
«Nos últimos anos, em nome das reformas sociais o que aconteceu foi com que houvesse uma redução dos salários reais, das pensões de reformas e para muitos reformados alterações dos mecanismos do cálculo de reforma, o que leva a um contexto económico como o que estamos a viver, a uma perda real dos valores das pensões de reforma».
Por isso, o país não está nas melhores condições de resposta como diz o primeiro-ministro», referiu.
Carvalho da Silva referiu também que «se há coisa que marque o país pela negativa é a falta de perspectivas para a juventude, a quem é entregue hoje apenas direito ao desemprego, à precariedade de emprego e salários muito baixos».
Sobre o combate à crise, o secretário-geral da CGTP considerou ainda ter sido «atirado dinheiro para cima dos problemas» e alertou que «se não houver rigor na execução, o que pode produzir é mais desemprego e mais frustrações para as pessoas».

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